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Características principais

Nome do álbum
Frauen-Feuer
Companhia produtora
Nada Nada Discos
Formato
Físico
Tipo de álbum
Vinil
Incluí faixas adicionais
Não
Ano de lançamento
2022

Outras características

  • Quantidade de canções: 6

  • Origem: Brasil

  • Gênero: Punk

  • Acessórios incluídos: Fotos,card,encarte

Descrição

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AKT3 – (integrantes da Mercenárias, De Falla e Bruhahá Babélico)

O final da década de 1980 e início da década de 1990 foi um período ímpar para a cena underground brasileira. Por um lado, vários grupos (como Raubvögel, do Rio; Kumbai Nidada e Industria Mirabile, de São Paulo; Tonton Macoute, de Brasília; Úvulas Ardientes, da Paraíba) queriam ir ao extremo (ou, pelo menos, diversificar) na sua proposta estética, fugindo aos clichês que a década de 1980 já havia cristalizado.
Por outro lado, a cena BRock começava a desaparecer no mainstream (dando lugar a gêneros mais populares e cafonas) e, como consequência, estreitava ainda mais a participação da música experimental. Akt é uma imagem perfeita daquela época.
Superbanda feminina, reuniu Sandra Coutinho, da Mercenárias, e Denise “Dequinha” Camargo, do trio Bruhahá Babélico, Karla Xavier, vinda do R. Mutt (de Belo Horizonte), e Biba Meira, vinda do De Falla (de Porto Alegre). R. Mutt e Bruhahá Babélico foram dois grupos que já anteciparam esta tendência experimental, enquanto Mercenárias e De Falla são ícones do rock alternativo mais radical dos anos 1980.
As circunstâncias que os uniram: As Mercenárias tinham-se separado, após a frustração de terem sido dispensados pela gravadora EMI, após a gravação do seu magnífico segundo álbum, Trashland (1987). Ao mesmo tempo, Sandra quis fugir às estruturas convencionais do rock (embora Mercenárias e Smack, dos quais também fazia parte, não pudessem ser considerados, a rigor, grupos convencionais) e arriscar mais na improvisação. “O formato da escrita estava me aprisionando”, explica.
A Dequinha, com o fim do Bruhahá, ainda gravou algo em duo com a Zaba – material que apareceu no álbum Rock de Autor, produzido por R.H. Jackson e por mim em 1991, e mais recentemente em uma das coletâneas estrangeiras Outro Tempo. E iniciou um trabalho solo, explorando as relações com as artes visuais do pintor Aguilar (em cuja Banda Performática havia estreado, no início da década anterior).
Deca me explica que se interessou por “texturas, timbres, por uma música quase 'visualizável'” (Brian Eno é uma das influências nessas relações sinestésicas entre a audição e os outros sentidos), e que continuou a ouvir músicas experimentais e música industrial (a tendência ao experimentalismo já era muito perceptível no Bruhaha). Sandra gostou do pós-punk alemão, que acabou levando ao industrial.
Aliás, ambas se conheceram no workshop ministrado por Holger Czukay, do Can, em São Paulo, em 1985 – outro pai da manipulação sonora. Neste evento estiveram presentes muitos músicos daquela cena (o que levou também à contribuição de Czukay numa faixa de Akira S, na coletânea Não São Paulo).
Karla passou a vir com mais frequência a São Paulo, após shows de R. Mutt, e acabou se mudando para cá, iniciando um relacionamento com Thomas Pappon (Voluntários da Pátria, Fellini, Smack, e com quem formaria o grupo de expatriados The Gilbertos, em Londres).
Apesar do interesse (e habilidade) inicial como violonista de MPB, na cena mineira, da qual faz parte desde 1986, Karla também foi fortemente influenciada pelo experimentalismo: Bruno Verner, seu parceiro na R. Mutt, lembra que se conheceram numa sessão do vídeo Gasoline In Your Eye, do Cabaret Voltaire, no bar do Complexo B. Logo depois, ela já estava atrás do teclado Casio CZ 3000 que o grupo adquiriu.
Biba vinha de um período um tanto conturbado com De Falla, quando o grupo se mudou para São Paulo por um tempo, depois voltou para Porto Alegre – mas ela ficou. Biba vinha sendo considerada uma dos melhores bateristas da cena, recebendo elogios calorosos, entre outros, de Lobão, baterista qualificado.
O inquieto Edu K, porém, já havia iniciado suas intermináveis mudanças de estilo e insistia com ela para fazer mudanças de arranjos (em direção ao heavy rock ortodoxo), o que não a entusiasmava. Na largada, Biba apareceu com Edgard Scandurra para uma jam com Sandra e o músico alemão Helmut Bieler-Weldl, que a visitava.
Hoje, as três, Sandra, Dequinha e Biba, falam com muito entusiasmo umas das outras e da coesão dentro do grupo – “uma conexão incrível”, diz Deca. Para Biba, houve tanto poder quanto o que ela viveu com De Falla: “Química é a palavra que melhor define”.
Em relação à Karla, uma nota triste: apenas um dia depois de responder meu e-mail com perguntas para este artigo, Karla sofreu um acidente de bicicleta em Londres e morreu alguns dias depois. Isso aconteceu no momento em que suas gravações daquela época, com Akt e R. Mutt, estão chegando ao público.
As que aqui ouvimos foram feitas num contexto de despedida. Sandra estava com quase tudo embalado para ir para a Alemanha, onde viveria por 14 anos (e, sim, onde poderia levar ao extremo sua ideia de sons experimentais e improvisados, com sustentabilidade). Sandra (entre outros projetos) e Helmut passariam a fazer parte do The Blech (que havia tocado no MASP, numa longa série de eventos que Goethe organizou com artistas alemães muito interessantes, ao longo das décadas de 1970 e 1980 – inclusive aquele com Czukay).
Aliás, essa é mais uma marca desse período: a saída dos músicos underground, migrando para o exterior. Hoje, enquanto escrevo, estava lendo as memórias de Miguel Barella, dos Voluntários da Pátria e Akira S, nas quais ele descreve um período de solidão criativa, com três de seus principais parceiros (Giuseppe Frippi, Thomas Pappon, Akira) mudar para o exterior. Sandra também fala dessa ruptura de vínculos – na ida, e no regresso –, mas foi, de fato, uma das mais ativas, artisticamente falando, no estrangeiro.
E essa foi a breve janela do Akt – na verdade, dos Akts, pois cada encarnação do grupo seria um Akt, com subtítulo. Por isso duas das faixas que foram parar em outra coletânea produzida por mim e por Jack, Enquanto Isso (também em 1991), são creditadas ao Akt2: Frauen Kreisen (Círculo Feminino, em alemão); essas faixas eram “Prince no Deserto Vermelho” e “Wir Haben”.
O Akt1: Fraunsene (Cena Feminina) fez três shows no Espaço Retrô, em São Paulo, na última semana de outubro de 1990. E esse disco se chama Akt3: Frauen-Feuer (Mulheres de Fogo).
Sobre as gravações, no estúdio OBJ, R. H. Jackson observa: “Não tenho muito a dizer. Elas estavam muito bem preparadas. Muitos ensaios, muito profissionais. E o timbre dos instrumentos ficou muito bacana, o que facilitou bastante o trabalho. Foi uma das gravações mais fáceis. Eles sabiam muito bem o que queriam”.
Curiosamente, parecem trabalhar nos dois lados: Dequinha relembra os ensaios frequentes e detalhados, no estúdio doméstico montado em um quarto nos fundos da casa da mãe de Sandra, mas Biba dá mais ênfase à criação no próprio estúdio de gravação. “Já éramos mulheres maduras, mais experientes e envolvidas com a arte”, descreve Sandra.
Numa primeira audição, a intensidade da banda lembra Mercenárias. Mas a identidade e a percussão agressiva dos teclados de Dequinha somam-se ao baixo de Sandra – eles também têm em comum uma certa qualidade operística no canto. Sandra observa que foi mais difícil para eles escrever a letra do que a música – e por isso me encomendaram a letra, que escrevi em italiano, para a faixa “Prince No Deserto Vermelho” (não sei onde de onde veio esse Príncipe, minha sugestão para o título da música foi na verdade apenas o deserto vermelho, inspirado em Antonioni (risos).
Outra faixa, “Habits”, tem como letra um trecho de Ezra Pound, sobre homens e cães (devidamente acompanhado de um comentário ganido por um beagle). Duas das músicas permaneceram instrumentais, “Carrossel” e “Os Sufis Dançam”. A sexta música deste material é “He Is Happy”.
A bateria de Biba tem a segurança e criatividade de sempre. E Karla, pela primeira vez, passou para a guitarra elétrica. Apesar da experiência com o violão, ela nunca havia tocado o instrumento, o que explica sua leve timidez inicial nos arranjos, talvez com exceção da polirrítmica “Simultaneidade” (Thomas conta que, mais tarde, na Inglaterra, pensou em mudar to bass, adquirindo um bom, mas essa fase também não durou).
O resultado, agora revelado neste Akt3, é ao mesmo tempo pesado, climático e inusitado. A recuperação e divulgação desse material oferece um vislumbre de uma janela tão interessante – que permaneceu quase completamente invisível (com exceção do já mencionado lançamento virtual de R. Mutt, que a série brasiliense iRraridades trouxe em seu primeiro volume de gravações de Tonton Macoute) – da nossa música urbana.
E não está descartada a possibilidade – como eles se redescobriram no processo – de uma nova Akt surgir.
créditos
lançado em 18 de janeiro de 2022

Biba - Bateria
Karla - Guitarra
Dequinha - Teclados e Vocais
Sandra Coutinho - baixo e voz
Todas as composições de AKT
Letra de AKT e Miguelanjo A
Gravado e mixado no OBJ Studio - 1990
Produzido por AKT e RH Jackson
Remasterização - Daniel Husayn
Fotos - Rui Mendes
Texto - Alex Antunes
Tradução - Rogério Simões
Maquiagem - Rosita
Obra de arte - Guilherme Chapado Godoy e Mateus Mondini

Garantia do vendedor: 3 dias